Escrever


Escrever é algo incompreensível para muitos. Mas escrever, sempre foi uma das minhas formas favoritas de expressão. Não raro, eu presenteava parentes meus com cartinhas ou até mesmo histórias, que eu fazia com colagens e bem, minhas próprias palavras. Colocar em palavras o que eu sentia, nunca foi um problema pra mim. Pelo contrário. Desde nova eu gostava de ler, não sei como nunca repararam nisso. 

Houve uma quebra nesse gostar, pois inicialmente eu lia histórias do Tarzan ou da Turma da Mônica e então fiquei uns anos sem ler nada e no início da pré-adolescência voltei com o hábito, mas com livros mesmo. Não tardou muito e então veio a explosão da escrita. Eu escrevia o tempo todo. Quando não era no caderno da e na escola, era na agenda em casa ou no computador. Eu escrevia que ao escrever, eu o fazia pois as palavras escapavam pelos meus poros e através dos meus dedos. Escrever já foi veneno e cura pra mim, mas atualmente, tem sido somente cura. E isso sim é uma espécie de dádiva que a gente não sabe nem como agradecer por ter se tornado real.

Escrever pra mim não chega a ser como respirar, isso seria exagero e seria algo que não faz sentido. Já que respirar é mecânico e a gente não controla, a gente faz pois é o que o corpo faz. Mas é como tomar banho ou escovar os dentes, por exemplo. É algo que vez ou outra, com certa frequência, para viver com determinada qualidade de vida, eu tenho que fazer. 

Escrever é uma ferramenta que tem diversas funções. Tem vezes que eu escrevo para entender algo que não estou vivendo com tanta clareza, mas também tem vezes que escrevo para colocar para fora algo que tem sido claro até demais pra mim e já não suporto tanto assim aquilo comigo. Por isso é algo que cura. Tem vezes que eu compreendi algo tão incrível, que eu quero compartilhar. Tem vezes que eu estou tão confusa e perdida, que escrevo para talvez acalentar alguém que esteja da mesma forma e que ela entenda que ainda que sem direção, não estamos a sós. 

Escrever pode até ser veneno, a depender do que a gente sinta. Tem vezes que escrever é colocar as nossas entranhas pra fora. É bater com força na boca do nosso próprio estômago. É apertar as mãos envolta do próprio pescoço. É assistir o próprio desespero e relatar. É matar um pouco de você e eternizar esse pedaço em palavras. Escrever é permanecer. Mas escrever, é também sobre algo que morre. Que foi embora. Que já não é mais. Mas escrever também é, em alguns momentos, colocar o coração pra dentro. É secar a lágrima que escorre pelo rosto. É desengasgar aquilo que ficou preso. Escrever é uma faca de dois gumes. Escrever cura. Escrever fere. 

Escrever nada mais é do que eternizar o poder bruto das palavras. Tem que ser usado com sabedoria. Provavelmente é como uma das coisas que eu nunca deixarei de fazer em minha vida. Não importa o quê. Se eu tô feliz, se eu tô triste ou até se eu nada sinto... eu escrevo. Se tive um mês agitado, se não tive... eu escrevo. Com motivo ou sem motivo... eu escrevo. Desde que aprendi a escrever, eu escrevo. Eu conto histórias, eu invento histórias, eu reconto histórias. O importante é não deixar o verbo parar de acontecer:

Escrever.

Ana Débora, com carinho e gratidão

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha